Centenário do Templo Adventista da Igreja Central de Lisboa: Celebração de Fé, História e Arquitetura
No Sábado 23 de novembro, a Igreja Central de Lisboa encheu-se de membros e convidados para celebrar um evento único, o centenário do Templo Adventista da Igreja Central de Lisboa. Construído em 1924, o edifício, de autoria do renomado arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, é um marco histórico e arquitetónico da capital portuguesa, testemunho da beleza artística da sua época e do anúncio da modernidade funcional da escola que se lhe seguiu.
O Templo Adventista, que se ergue como um monumento de interesse histórico e cultural de nível nacional, foi projetado por Porfírio Pardal Monteiro, um dos mais célebres arquitetos portugueses do século XX. Apesar de ter sido candidato ao prestigiado Prémio Valmor de Arquitetura, o edifício não foi aceite a concurso devido à sua função religiosa. Ainda assim, o templo destaca-se como uma joia arquitetónica, com características inovadoras para a época, como a plateia em plano descendente que melhora a visualização do púlpito e a decoração que remete simbolicamente para a ligação espiritual com Deus.
José Pardal Monteiro, sobrinho-neto do arquiteto, esteve presente na celebração e fez questão de sublinhar a visão artística e funcional do seu antecessor. “Este templo é uma prova do génio de Porfírio Pardal Monteiro, que conseguiu combinar beleza estética com uma funcionalidade moderna. Os traços únicos deste edifício, como a plateia inclinada, ainda hoje inspiram e servem de exemplo para muitos projetos contemporâneos”, afirmou.
A celebração teve como ponto central um concerto comemorativo, em que um Coro Inter-religioso, formado por membros da igreja local, de igrejas da região e cantores e músicos convidados, presentou os assistentes com uma seleção de música religiosa, sob a batuta do Maestro Gerson Coelho. A voz da narradora Josefa Alcobia trouxe momentos de reflexão, ao evocar a história do templo e a sua relevância no contexto cultural e espiritual de Lisboa, permeando as peças musicais.
"Cada nota e cada palavra deste concerto servem para nos lembrar que este espaço é mais do que um edifício: é um lugar de encontro entre pessoas e Deus", destacou o Pastor Amorim, responsável eclesiástico da comunidade.
Outro momento marcante da celebração foi o discurso de José Eduardo Vera Jardim, Presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, que enalteceu a relevância histórica do Templo e a influência da comunidade na cidade e no país. Destacou ainda a necessidade de as autarquias cumprirem a Lei da Liberdade Religiosa, que reconhece a importância de encontrar espaços públicos para a construção de edifícios de culto destinados às diversas comunidades religiosas.
“A existência de um espaço como este demonstra o compromisso da nossa sociedade com a diversidade religiosa e a riqueza que dai advém. É fundamental continuarmos a assegurar que todas as comunidades tenham o espaço necessário para viver a sua fé”, declarou Vera Jardim. Elogiou o trabalho público da Igreja Adventista do Sétimo Dia, reconhecendo o seu papel na defesa da liberdade religiosa e no apoio às comunidades locais.
O Pastor António Amorim, responsável pela Igreja Central de Lisboa, reforçou o papel do Templo no serviço à Igreja e à comunidade, sublinhando o papel dos pioneiros na sua construção e manifestando que ele está aberto a todos aqueles que buscam um encontro com Deus. “Este espaço foi criado com a intenção de aproximar as pessoas de Deus e de proporcionar um ambiente de paz, reflexão, louvor e comunhão. É um lugar de braços abertos, como a cruz exemplifica, onde todos são bem-vindos”, afirmou.
Para marcar o centenário, os CTT lançaram um postal comemorativo, que celebra a história e o impacto do Templo Adventista na cidade de Lisboa. Um exemplar especial foi assinado pelas personalidades presentes, preservando no tempo este momento de celebração e reconhecimento.
Com este evento, ficou clara a importância de continuar a preservar espaços como o Templo Adventista, que não só refletem a arquitetura de um período e a história da sua comunidade, mas são principalmente uma oportunidade de gratidão e louvor a Deus pelas suas dádivas e proteção. E também uma reflexão sobre a importância de manter e aprofundar a presença pública da Igreja na comunidade. A celebração do centenário foi mais do que um olhar para o passado - foi um convite à ação sobre como a Igreja pode influenciar a sociedade pela sua presença, não só pelos seus espaços, mas por trazer a presença de Deus à vida das pessoas à sua volta, recebendo-as e indo ao seu encontro.
O Centenário do Templo Adventista da Igreja Central de Lisboa ficará na memória como uma celebração de fé, gratidão, ação, arte e liberdade.