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"Singles" promove encontro cultural e espiritual em Castelo de Vide sobre herança judaica


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Depois do Monte dos Arneiros em Lavre e da Foz do Arelho nas Caldas da Rainha, o Movimento “Singles” promoveu no passado dia 4 a 6 de abril do corrente, o primeiro  encontro de 2025, desta feita em Castelo de Vide, uma das mais belas vilas raianas portuguesas, localizada no distrito de Portalegre, região do Alentejo e sub-região do Alto Alentejo, com três mil cento e noventa e sete (3197) habitantes, subdivididos por 4 freguesias.

Esta visita de âmbito cultural sob o tema a “Chave” teve como propósito conhecer a vida e o percurso dos judeus nesta região de Portugal, tendo para o efeito contado com o superior contributo da nossa Ilustre convidada, Dra. Cristina Leal, Licenciada em História e do ex autarca, Carolino Tapadejo, ex-Presidente da Câmara de Castelo de Vide, ambos profundos conhecedores desta matéria, que fizeram a gentileza de nos mostrar, entre outros zonas de interesse, as ruas da Fonte, do Mercado, do Arçário, do Mestre Jorge, da Judiaria, da Ruinha da Judiaria, da actual Rua dos Serralheiros e da Rua Nova.

A amplitude deste espaço pode compreender-se devido à proximidade de Castelo de Vide com a fronteira castelhana.

Na verdade, tudo começou há quase, 700 anos quando os primeiros 49 judeus, de 17 famílias, chegaram em 1320 a Castelo de Vide e ali permaneceram graças à terra fértil e à abundância de água, recurso raro no sul da península e precioso para os seus empreendimentos de tinturaria. 

Em apenas treze anos, a comunidade judaica, que não parou de crescer, era autorizada a fundar a primeira sinagoga.

Um momento crítico aconteceu quando os Reis Católicos da atual Espanha deram ordem de expulsão a todos os judeus, tendo esta localidade se transformado num campo de refugiados.

Mais tarde já adaptados a uma nova realidade conquistaram a fama de empreendedores, destacando-se em várias profissões, como alfaiates, carpinteiros, ferreiros e sapateiros. O nome de alguns resistiu até hoje esculpido na pedra das ombreiras das portas.

Sam Levy, que até à sua morte foi presidente honorário da comunidade judaica de Lisboa contava que, à semelhança de outras famílias, a sua família guardou sempre consigo a chave da casa de Castelo de Vide de onde fugira à Inquisição para o império otomano.

Ao longo da história judaica foram sempre demasiado numerosas as chaves guardadas pelos judeus. Mas muito mais numerosas foram aquelas mentalmente deitadas fora, em nome da necessidade de construir uma nova vida sem lamentos, nem ressentimentos. 

Para os judeus a “Chave” simbolizava a esperança de retorno ou o testemunho nostálgico do passado, alimentando por vezes o imaginário e transformando o passado num paraíso.

Os membros dos Singles tiveram no decurso desta visita a oportunidade de segurarem em suas mãos uma dessas chaves com mais de cinco séculos.

Apesar deste tema ter sido predominantemente tratado numa perspetiva histórica, também foi aflorado ao nível espiritual sob a égide do Pastor Daniel Bastos relacionando o tema com a chave de David “Que abre e ninguém fecha e fecha e ninguém abre” e o Apocalipse (Isaías 22:22).

A par destes dois momentos, os membros dos Singles tiveram ainda a oportunidade de se socializarem, quer através do contacto que estabeleceram entre si, quer através da realização de diversos jogos coletivos que foram cuidadosamente preparados para seu entretenimento, culminando com a realização de uma sessão de ginástica que visou promover a saúde física e o bem estar de todos os participantes.

Foi um encontro inesquecível por tudo o que ali foi partilhado num misto de cultura , espiritualidade, amizade e de gastronomia com a prova de alguns doces típicos da região. Se és single, vem e junta-te a nós no próximo encontro no início de outubro.

UPASD UPASD

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