Cinco Baptismos em Braga aumentam a Família Adventista
Testemunho de Sandra Rangel
O meu nome é Sandra Rangel, nascida num lar cristão, filha de uma mãe solteira e analfabeta. Assim que nasci, fui apresentada na igreja, e aos 12 anos batizei-me.
Mas quero aqui contar um breve testemunho pessoal sobre um momento em específico com a minha mãe e a minha avó. Bom, a minha avó era da igreja Deus é Amor, e o restante da família era da Assembleia de Deus, assim como a minha mãe e eu. Como elas não sabiam ler, foi-me dada a tarefa de fazer diariamente as leituras bíblicas. Passei a minha adolescência inteira nessa tarefa, e percebia que alguns comportamentos da minha mãe estavam mudando.
Quando eu li sobre a criação, em Gênesis, ela entendeu que o dia mudava no pôr do sol. A minha avó já não entendia assim; ela afirmava que o dia terminava à meia-noite.
Quando li sobre os Dez Mandamentos, a minha mãe indagou, dizendo: "Mas porque não guardamos todos e só guardamos 9?" A minha avó dizia sempre que era para nós ouvirmos o que era pregado pelos pastores, e eles diziam que o sábado era apenas para os judeus e que o dia de adorarmos a Deus era no domingo, e ponto final.
Quando li sobre alimentação em Levítico, a minha mãe logo indagou porque ainda comíamos alguns tipos de carne se a Bíblia orientava o contrário. A minha avó discordava, dizendo que a lei havia sido anulada.
Quando li Atos 2, a minha mãe entendeu que as línguas diferentes eram línguas maternas de cada país, mas minha avó entendeu que, para se ter o Espírito Santo, tínhamos que pular, gritar, falar outras línguas…
Enfim, aqui quero ressaltar algo importante: um legado que a minha mãe deixou. Mesmo sem saber ler e nem escrever, a minha mãe teve um discernimento diferente da minha avó, mesmo eu lendo igual para as duas.
Então, sabiamente, a minha mãe começou a mudar o seu comportamento. Por exemplo, quando chegava do trabalho na sexta-feira, ela tomava o seu banho, sentava-se no sofá e avisava-me: "Filha, já é outro dia, já é sábado." Eu até indagava: "Como assim?" Ela respondia: "Lembra o que diz em Gênesis?" No sábado, ela chamava-me para cantar uns louvores e orar, mesmo a minha avó dizendo que ela tinha atividades do lar para fazer, mas sabiamente ela dizia que precisava adorar a Deus primeiro.
Havia alguns alimentos que eu era proibida de tocar; todos comiam, mas eu e ela não. Às vezes alguns indagavam e até queriam-me dar às escondidas, mas ela deixou-me avisada que eu tinha que obedecer e seguir o que ela me ordenava a fazer.
Eu e a minha mãe éramos duramente questionadas e criticadas por sermos diferentes (como não pular, nem gritar), e por isso diziam que não tínhamos o Espírito Santo, que éramos estranhas e incrédulas. Um dia indaguei a minha mãe, e ela disse: "Filha, vamos fazer o que diz a Palavra de Deus, e não o que o homem nos manda fazer. Você é minha filha e eu sou sua autoridade, então obedeça-me."
Por alguns desses motivos, eu assisti de perto a batalha da minha mãe, que apanhou sem merecer, foi humilhada, rejeitada, deixada de lado só por seguir uma vida diferente dos demais.
Quando completei 18 anos, a minha mãe teve um cancro terminal, mas antes de falecer ela deixou-me o seguinte conselho: "Filha, não negocie seus valores, siga o que está na Palavra de Deus e os seus mandamentos. Eu sei que não vou viver, já, já o meu tempo aqui acaba e nós vamos nos encontrar na eternidade." Ela faleceu no dia seguinte, deixando para mim um legado de fidelidade, integridade, esperança e fé.
Segui a minha jornada em outra igreja, e 26 anos após a sua morte, comecei a questionar o pastor local: porquê o que ele dizia não condizia com as Escrituras? Dali em diante começou o meu processo de deceções e descobertas de situações horríveis, como ser julgada por ser diferente dos demais. Mudei a minha oração, e pedi a Deus para que de alguma maneira me mostrasse o que eu deveria fazer.
Até que um dia, um pastor adventista, conversando comigo, falou algumas coisas que me fizeram refletir, e comecei a ter estudo bíblico. Relembrei tudo que a minha mãe me ensinou, mesmo não tendo estudos. Então, eu tive a oportunidade e o privilégio de ter um reencontro com Deus e com a Sua Palavra.
Faz 1 ano que estou na Igreja Adventista, e batizei-me agora no dia 18/10/2025. Sinto-me honrada pelo legado que a minha mãe deixou, e pelos cuidados de Deus para comigo durante a minha jornada.









