Entrevista com Rúben de Abreu, novo Secretário da Divisão Inter-Europeia da Igreja Adventista do Sétimo Dia
A 62ª Sessão da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, realizada em St. Louis (EUA), marcou um momento de mudança significativa para a liderança da Divisão Intereuropeia. Com a eleição do pastor Barna como novo presidente da divisão, surgiu a necessidade de nomear um novo secretário executivo. A escolha recaiu sobre um rosto bem conhecido dos adventistas portugueses: o pastor Rúben de Abreu.
Com uma vasta experiência em liderança e administração e um percurso que inclui funções em Portugal e na União Franco-Belga, o pastor Rúben assume agora um papel de grande responsabilidade e impacto num território culturalmente diverso e espiritualmente desafiante.
Nesta entrevista conduzida por Ezequiel Duarte, diretor de comunicação da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia, o novo secretário executivo partilha as suas reações à nomeação, o valor da sua experiência passada, o papel da secretaria na missão da Igreja e as expectativas para o futuro.
Ezequiel Duarte – Estamos em St. Louis, na 62ª Sessão da Conferência Geral, e uma das grandes novidades para a nossa região é a mudança na liderança da Divisão Intereuropeia. Com a saída do pastor Mário Brito da presidência e a nomeação do pastor Marius Barna para esse cargo, surgiu a necessidade de escolher um novo secretário executivo. A escolha recaiu sobre um português: o pastor Rúben de Abreu. Pastor, muito obrigado por estar connosco. Diga-nos, estava à espera desta nomeação ou foi apanhado de surpresa?
Rúben de Abreu – À espera nunca estamos. Mas sabemos que estamos ao serviço, na obra, e um chamado pode sempre surgir. Já noutras ocasiões o meu nome tinha sido mencionado para esta função, porque trabalhei durante vários anos em Portugal como secretário, o que me deu um certo conhecimento desta área. Ainda assim, posso dizer que foi uma surpresa.
Ezequiel Duarte – E como reagiu quando recebeu o convite? Conversou com alguém? O que lhe passou pela cabeça?
Rúben de Abreu – A primeira reação foi de humildade e de sentido de responsabilidade. Pensei de imediato na família, porque a decisão tem implicações muito concretas. Depois, pensei no campo que atualmente sirvo, porque também para eles isto tem consequências. Conversei com algumas pessoas que me encorajaram e ajudaram na decisão. Também foi importante o apoio dos colegas presidentes das uniões e uma conversa que tive com o novo presidente, pastor Barna.
Ezequiel Duarte – O pastor já desempenhou várias funções: diretor do departamento jovem em Portugal, secretário executivo da União, presidente da União Franco-Belga-Luxemburguesa. Esta nova posição é muito diferente das anteriores?
Rúben de Abreu – Prefiro responder à segunda parte da pergunta: todas as funções anteriores foram percursos de aprendizagem. Deram-me uma compreensão mais profunda do funcionamento da Igreja e ajudaram-me a conhecer os desafios locais. Isso é essencial para quem trabalha em secretaria, porque os documentos e as estatísticas que tratamos contam histórias reais – de membros, de vidas em missão, de desafios espirituais. Por isso, esta nova função beneficia muito da experiência anterior.
Ezequiel Duarte – Quando ouvimos falar em secretaria, pensamos logo em burocracia, comissões, regulamentos… Mas de que forma a secretaria pode realmente servir a missão?
Rúben de Abreu – O trabalho da secretaria pode ser dividido em três áreas principais. A primeira é a executiva: garantir que as decisões dos Conselhos sejam aplicadas. A segunda é administrativa, com tudo o que envolve regulamentos, working policy, atas, documentos. E a terceira – talvez menos conhecida – é a área da missão. A secretaria coordena, motiva e apoia a missão em todo o território. Ajuda a criar uma visão partilhada e fornece as bases administrativas e logísticas para que todas as estruturas – departamentos, uniões, igrejas – possam cumprir a sua missão.
Ezequiel Duarte – Quem trabalha consigo diz que é um apaixonado por regulamentos. É verdade que conhece o working policy como ninguém?
Rúben de Abreu – [sorri] Não sei se como ninguém, mas gosto dessa área. Tenho alguma facilidade em compreendê-la. Os regulamentos são fundamentais para que a missão aconteça dentro dos parâmetros da Igreja e em conformidade com as leis de cada país. E isso varia bastante. A lei da liberdade religiosa em Portugal é de 2001, enquanto em França data de 1905. São contextos diferentes, que exigem conhecimento e adaptação. E é nisso que encontro entusiasmo: poder ajudar, formar, explicar o funcionamento da Igreja para que todos possam servir melhor.
Ezequiel Duarte – Para terminar: o que podem os membros da nossa divisão esperar do novo secretário executivo nos próximos cinco anos?
Rúben de Abreu – Espero que seja um mandato em crescimento. Há muito para aprender, há relações a construir, há uma rede de confiança a desenvolver. Pessoalmente, quero que os documentos e a parte administrativa reflitam a missão e a espiritualidade. Vivemos num território considerado pós-cristão, mas há sinais de renovação. Em França, por exemplo, 2025 está a ser um ano de crescimento e de busca espiritual. A sociedade carece de esperança, vive momentos de instabilidade. Como Igreja, temos o privilégio e a responsabilidade de partilhar essa esperança, esse Evangelho que transforma vidas e mostra que cada pessoa conta para Jesus Cristo.
Ezequiel Duarte – Muito obrigado, pastor Rúben. Que Deus o abençoe nesta nova missão.
Rúben de Abreu – Amém. Muito obrigado.




