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Liberdade Religiosa

"Não temos de ter medo ou receio de partilharmos momentos e experiências com pessoas que têm diferentes crenças das nossas"

"Devo dizer que aprofundei mais o meu estudo sobre as doutrinas da nossa igreja neste evento do que em qualquer outro em que já tive oportunidade de participar no meio adventista e que não devemos ter receio de debater, refletir e de nos questionarmos sobre aquilo em que acreditamos, pois tenho a firme convicção de que se formos verdadeiramente sinceros, Deus nos há de guiar pela verdade e revelar a sua vontade."


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Entre os dias 11 e 14 de setembro deste ano, tive a oportunidade de participar, no encontro Meet-Ir, promovido pelo Alto Comissariado para as Migrações, com o apoio do Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-religioso, onde estiveram presentes 13 jovens em representação de 8 confissões religiosas.

Este encontro teve como objetivo principal a promoção do diálogo inter-religioso e durante os dias em que estivemos juntos, houve vários momentos de debate e reflexão em torno do tema “liberdade”, em particular sobre a liberdade religiosa. Nesse sentido, tentamos determinar e entender os problemas e os desafios que são colocados à liberdade religiosa nos dias de hoje.

Para mim e para alguns dos que estavam presentes não foi uma surpresa o facto de existirem diversos países em que a liberdade de consciência e de religião não é respeitada. Devemos, por isso, dar graças a Deus pela liberdade que temos em Portugal, que nos permite reunir e falar livremente das nossas crenças e partilhar aquilo em que acreditamos com aqueles que nos são próximos sem qualquer restrição, pois, a realidade é que em vários lugares deste mundo muitos são perseguidos e mortos por causa das suas convicções ou práticas religiosas.

No entanto, os momentos que passamos em conjunto permitiu que compreendêssemos que enfrentamos, nos dias de hoje, em Portugal e um pouco por toda a Europa, um desafio distinto. Um desafio que, é certo, não acarreta consequências jurídicas que afetem a nossa liberdade individual, em virtude da nossa Constituição consagrar como direitos fundamentais a liberdade de consciência, de religião e de culto (no artigo 41º) e a liberdade de expressão (no artigo 37º), mas que traz um outro tipo de consequências que não cabe à lei tutelar.

É que, não raras vezes, quando expressamos em público as nossas crenças ou determinadas opiniões relativas a assuntos do âmbito social que estão necessariamente conexos com a nossa fé (como o aborto, a eutanásia, etc.), em diversas ocasiões, somos julgados, criticados ou ridicularizados, mesmo antes de explicarmos os argumentos que sustentam essas crenças ou opiniões.

Desta forma entendemos, inclusivamente através da partilha de experiências, que efetivamente existem consequências socias para aqueles que têm fé ou que têm opiniões diferentes em relação às opiniões que a maioria das pessoas da nossa sociedade têm.

E foi neste espaço de diversidade de crenças e opiniões, mas também de respeito por cada um, que percebi que existem muitos outros jovens que, apesar de terem uma fé diferente da minha, passam pelos mesmos problemas e dificuldades que eu e tantos outros jovens adventistas passam. Entendi assim, que não faz sentido olharmos para as pessoas que têm convicções religiosas diferentes das nossas como adversários ou oponentes, pois na realidade todos nós partilhamos experiências idênticas e suportamos desafios similares.

Esta experiência ajudou-me também a reforçar a ideia de que não temos de ter medo ou receio de partilharmos momentos e experiências com pessoas que têm diferentes crenças das nossas. Devo dizer que aprofundei mais o meu estudo sobre as doutrinas da nossa igreja neste evento do que em qualquer outro em que já tive oportunidade de participar no meio adventista e que não devemos ter receio de debater, refletir e de nos questionarmos sobre aquilo em que acreditamos, pois tenho a firme convicção de que se formos verdadeiramente sinceros, Deus nos há de guiar pela verdade e revelar a sua vontade.

Aliás, é importante recordar que o movimento adventista começou exatamente com este espírito, pois sabemos que os pioneiros da nossa igreja nunca tiveram receio de procurar a verdade, debatendo e questionando as suas crenças de forma aberta e tolerante.

Por fim, reconheço que esta experiência fez-me entender que Deus trabalha e age através de pessoas que não têm as mesmas crenças que nós temos. Apesar de eu acreditar realmente que nós como Igreja Adventista do Sétimo Dia temos a verdade e de que fomos chamados por Deus para trazer outros das trevas para a luz, Ele na sua infinita sabedoria não deixa de usar outras pessoas para o avanço da sua obra! Durante os dias que passei neste encontro, percebi que alguns dos jovens que ali estavam, têm uma relação próxima com Jesus da mesma forma que eu tenho e acredito que Deus nos atende de igual forma, independentemente das nossas diferenças.

Portanto, só posso agradecer pelo privilégio que foi participar neste evento que fez-me refletir sobre a importância de respeitar as pessoas que possuem posições e opiniões diferentes das minhas e assim perceber que apesar das diferentes crenças e convicções, contribuímos todos para construção de uma sociedade mais livre e de maior respeito.

UPASD UPASD

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