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Uma oportunidade única chamada Camporee

Quase ninguém fala sobre a origem da palavra Camporee, porque não é importante. Mais importante do que o significado da palavra, é viver o Camporee e todos os Desbravadores, entre os 11 e os 15 anos, sabem que Camporee Internacional é sinónimo de oportunidade única.


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Vídeos: Helder Ferreira
Fotografias: Ezequiel Duarte

Quase ninguém fala sobre a origem da palavra Camporee, porque não é importante. Mais importante do que o significado da palavra, é viver o Camporee e todos os Desbravadores, entre os 11 e os 15 anos, sabem que Camporee Internacional é sinónimo de oportunidade única.

O primeiro Camporee Internacional foi há 52 anos, em 1971. Desde então, dos 14 países participantes só seis tiveram a oportunidade de receber esta atividade: a Itália, a Alemanha, a Suíça, a França, a Bélgica e Portugal.

Muitos dos Desbravadores portugueses, que este ano chegaram a Friedensau, pequena vila a 130 Km a Este de Berlin, chegaram sem saber bem o que esperar, uma vez que o Camporee Internacional, acampamento organizado pelo Departamento de Jovens da Divisão Inter-Europeia é ligeiramente diferente dos nossos acampamentos nacionais.

Mas, na verdade, o Camporee não começou no dia 31 de julho, nem tão pouco no dia 25, quando os 205 Exploradores deixaram o nosso país. O Camporee começou no momento em que o Explorador decidiu participar nele.

Na manhã do dia 25 de julho, 205 Exploradores, acompanhados por meia centena de dirigentes, deixaram o nosso país rumo à maior aventura das suas vidas (não estou a exagerar, esta viagem teve de tudo!).

A primeira paragem, no final do primeiro dia de viagem, foi no Colégio Adventista Timón, em Madrid. Foi aqui que os Desbravadores, que vieram do Norte, encontraram os Desbravadores que vinham de Lisboa. O convívio começou a partir daí. O segundo dia de viagem foi o dia explorar a cidade de Madrid, desconhecida para a esmagadora maioria dos Exploradores.

Durante os 15 dias desta aventura, foram realizados mais de 7000km, o equivalente a 466 km por dia.

Saídos de Madrid numa viagem noturna, os 8 motoristas dos 4 autocarros iam revezando entre a condução, enquanto alguns dirigentes e Desbravadores, com insónias, iam conversando com eles.

O amanhecer em Poitiers, cidade no centro-oeste da França revelava que tínhamos chegado ao destino. Por imperativo legal, os 2 motoristas de cada autocarro não podiam conduzir mais que 21h seguidas. Toda a planificação da viagem teve esta limitação de segurança em consideração.

Depois da meditação, chegou o momento de conhecer o Futuroscope, um parque temático que procura explicar como poderá ser a vida no futuro.

Seguimos viagem em direção ao Centre d’activité das Scouts et Guides de France, a 50 km a noroeste de Paris. Depois de uma vaga de calor que esta região tinha sentido na semana anterior, a chuva tinha chegado com força e não deu tréguas. Perante a impossibilidade de montar as tendas, devido ao mau tempo, todos os Desbravadores dormiram juntos, abrigados por dois telheiros. Começavam aqui os primeiros desafios para estes escuteiros adventistas. No meio da chuva e noite cerrada, as malas enormes tinham que ser carregadas por uma distância de quase 1km. Com a ajuda dos seus dirigentes, os Exploradores tinham que procurar a melhor solução para os seus pertences. Mas, pela Graça de Deus, e com um espírito de resiliência, todos ficaram bem acomodados, seguros e confortáveis neste hotel de milhares de estrelas.

Mas Paris ainda tinha mais surpresas reservadas para nós. Depois de um dia passado na Eurodisney, a parte mais bombástica da viagem chegava agora. Durante o dia, uma patrulha de Éclaireurs de France, presentes no local, ao fazer pequenas escavações para o pioneirismo das suas atividades, detetaram um artefacto que, após contactarem a La Gendarmerie Nationale, atribuíram a um engenho explosivo não detonado da altura da I Guerra Mundial. O Estado Francês tem um protocolo para estas situações, o que obrigou a que parte dos Exploradores tivessem que se deslocar para uma outra parte do parque, para um terceiro telheiro. A verdade é que, mesmo depois de termos deixado o local, no sábado à tarde, ainda não havia certezas do que seria aquele pedaço de metal. Só na segunda-feira de manhã os especialistas iriam ao local avaliar o artefacto encontrado.

O momento mais épico da viagem terá sido no sábado à tarde, quando passámos pela Torre Eiffel. Sabíamos que estava a chover, estávamos preparados para isso, mas ainda assim, como qualquer Desbravador sabe, isso nunca seria impeditivo para tirarmos uma foto junto à Torre Eiffel. O que não sabíamos é que o que iríamos apanhar não seria chuva, mas sim uma tromba de água que nos encharcou até à medula. Só havia duas saídas possíveis: fugir para a estação de metro mais próxima ou aceitar a chuva como ela é e aproveitar este momento único. A maior parte escolheu a segunda opção, claro.

A roupa, essa só seria trocada uns quilómetros mais à frente, numa estação de serviço. já a caminho da Bélgica. Mais de 200 malas para fora e toca a trocar de roupa ali mesmo. Ser Desbravador é assim mesmo, ser descomplicado.

Depois de todas estas aventuras, os Desbravadores já só tinham um destino em mente – Friendensau.

Portugal teve a terceira maior delegação deste Camporee, só ficando atrás de dois países, a Alemanha e a Roménia. A equipa de Media e a equipa da Cozinha para o staff também eram compostas por portugueses. Feitas as contas, foram 300 os portugueses que estiverem neste evento, que juntou no total 2.700 participantes provenientes de 14 países, incluindo a Ucrânia, que se juntou à delegação Austríaca.

Quem já participou num Camporee sabe que a troca de lenços é uma das atividades não oficiais mais atrativas. Este ano Portugal foi o campeão de pedidos para troca.

Mas, na verdade, este investimento todo acontece para que nenhum jovem seja deixado para trás, porque estas atividades só existem para lhes proporcionar um verdadeiro encontro com Cristo.

Este acampamento foi ainda muito especial para 5 Exploradores portugueses, porque perante milhares de outros Exploradores, entregarem as suas vidas a Jesus através do baptismo.

Fotografia: Ângelo Bartolo

Se recuarmos ao início deste artigo, percebemos que afinal ainda não foi respondida à pergunta do porquê de Camporee ter este nome. A origem da palavra Camporee resulta da junção de duas palavras, Camp (Campo) e Jamboree, também ela uma junção de outras duas palavras. Jambo (olá, saudação em suaíli) e Shivaree (uma cerimónia comum no século 19, para saudar os noivos recém-casados).

Podemos depreender que o Camporee é um evento que acontece num contacto com a natureza, para introduzir novas influências e experiências aos mais novos, aos Desbravadores. O Camporee é sem dúvida um momento-chave na vida de um Explorador.

Às vezes é nos detalhes que Deus se manifesta, mas nesta aventura, mais do que uma vez, vimos a proteção de Deus de uma forma bem visível.

Na viagem de regresso, durante a madrugada, bem no interior da França, um dos grandes autocarros de 80 lugares que transportava parte da nossa Delegação, teve uma avaria sem possibilidade de reparação no local. O motor não funcionava mais, logo não era possível manter o ar condicionado ligado. A previsão seria de 80 pessoas ficarem largas horas no interior do autocarro, entretanto com temperaturas bastante elevadas, até que dois autocarros os fossem buscar.

Mas qual a probabilidade, de a essa hora, a pouco mais de uma hora desse local, outros dois autocarros, da mesma empresa, estarem a regressar a Portugal completamente vazios? Pois, Deus sabe todas as coisas.

Em pouco mais de duas horas, já todos os Desbravadores estavam nos novos autocarros a caminho de Portugal. Alguns nem se aperceberam, porque estavam a dormir durante todo este tempo e só entenderam o que estava a acontecer quando os foram acordar porque tinham de mudar de autocarro.

As bênçãos de Deus foram muitas, visíveis e reconhecidas pelos Exploradores.

Os momentos com Deus e com os amigos aqui vividos não se repetem nestas condições, é por isso que quem foi sabe que participou numa oportunidade única, chamada Camporee.  

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