Testemunho

Dando voz à Fé através da Rádio e do Audiolivro "O Grande Conflito"


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O pastor Jorge Duarte, atualmente pastor nas IASD de Almada, Corroios e Paivas, foi durante 10 anos, diretor do Departamento de Comunicação da UPASD e um dos fundadores da rede Novo Tempo Portugal. Mas a paixão pela Comunicação, mais especificamente a rádio e a palavra falada, vem desde muito jovem.

1. Pastor Jorge, quando surgiu este gosto, talvez mesmo paixão pela rádio, mas mais concretamente pela palavra falada? Teve experiências destes ainda bastante jovem?

Desde muito cedo sempre tive uma vontade grande de trabalhar para Deus. Dos cinco aos doze anos orei diariamente para ser pastor e rapidamente descobri que Deus me tinha oferecido uma outra valência que seria muito preciosa no ministério pastoral – o dom para a música. Nunca fiz conservatório mas com muita facilidade aprendi a tocar alguns instrumentos, a cantar e a compor. Ainda na minha adolescência fui descobrindo outra paixão - a rádio, e quando tinha 17 anos fiz testes numa rádio local para ser “noticiarista”. Fui admitido e aprendi a ler notícias, artigos, mensagens e comunicados. Aos 19 anos trabalhei numa outra rádio local como locutor, e quando terminei o meu serviço militar fui para uma terceira rádio local, na cidade onde vivia, e onde trabalhei com algumas pessoas que na altura estavam ligadas às rádios nacionais, e que me convidaram para projetos maiores, nomeadamente na Rádio Renascença, Antena 1 e Rádio Comercial. Naquela altura o gosto e a paixão por fazer rádio era enorme, mas a vontade de servir a Deus no ministério pastoral voltou a ser prioritária e fez-me desistir de seguir uma carreira radiofónica, e, quem sabe fazer o curso de comunicação. Mais tarde, em 2004, quando estava a dirigir a Região Eclesiástica dos Açores, recebi o chamado para voltar ao continente e dirigir a Rádio Clube de Sintra (RCS) que a UPASD tinha adquirido a partir de uma doação e que seria uma rádio para a proclamação da mensagem na Área Metropolitana de Lisboa. Claramente não hesitei, pois, no meu pensamento Deus estava a concretizar o meu sonho, o de trabalhar na Sua Causa e poder trabalhar também na rádio. A ligação à RCS foi curta - de apenas um ano, todavia, passados 10 anos, em 2014, Deus entendeu que eu deveria voltar de novo à RCS e ser o diretor até 2022. Neste período de 8 anos o SENHOR deu-me inúmeras bênçãos na área da locução e da gestão, das quais jamais esquecerei e que marcarão para sempre o meu ministério bem como a vertente de locução.

2. Ao longo do seu ministério sempre usou a voz em diversos projetos, não só de gravação de texto, mas também musicais. Como foi conjugar no fundo estes dois ministérios, o da voz e o pastoral?

A voz sempre foi e será a ferramenta que considero de grande importância. Sou muito grato a Deus por me ter chamado a servir e por me ter dado a possibilidade de empregar a minha voz ao Seu serviço. Em 1994, quando cheguei a Portugal fiz estágio na Igreja de Coimbra, onde participámos ativamente no projeto Conta Comigo; depois em S. Mateus constituímos o Grupo Água-Viva, onde desenvolvemos um projeto musical que ultrapassou fronteiras e chegou à Europa e ao Brasil. A música sempre fez parte do meu ministério, umas vezes cantando, outras compondo bem como desenvolvendo projetos onde a voz é uma ferramenta fundamental. Durante vários anos, em parceria com os departamentos da UPASD pude dar voz a vários projetos missionários e contribuir para o bem espiritual da igreja.

3. O que o motivou a iniciar esse projeto de gravação do livro "O Grande Conflito" em áudio?

O projeto de leitura do livro “O Grande Conflito” surgiu o ano passado, em 2023, quando voltei a ler este livro e a sentir que era muito bom ouvi-lo nas minhas viagens. Até ali tudo o que encontrara gravado era em português do Brasil, mas a sonoridade é diferente e eu queria algo mais próximo da construção de frases que uso no meu dia a dia. No início a ideia era ter apenas gravações do livro em mp3 e fazer uso delas. Depois surgiu a ideia de as colocar no canal pessoal do Youtube, pois assim poderiam existir pessoas que desejassem ouvir também. Ao partilhar com alguns amigos, o Paulo Zenha da IASD Espinho lançou-me o desafio de colocar os mp3 nas plataformas de podcasts para que chegasse mais longe. Aceitei todas as propostas e a última que surgiu foi a do Serviço do Espírito de Profecia para colocação deste projeto na aplicação Bible Plan. Como disse, a ideia inicial era ser para uso pessoal ou mesmo de partilha com alguns amigos, todavia acredito que Deus deseja fazer algo mais com este audiolivro, portanto, não hesitei porque a honra e a glória de tudo o que está a ser feito é de Deus, não minha!

4. O livro “O Grande Conflito” tem um conteúdo profundo e extenso. Como tem sido o processo de gravação e preparação do material?

A preparação e gravação de um projeto como este não é uma tarefa fácil. Na totalidade serão 42 episódios gravados, sendo que alguns são extensos e profundos. Normalmente só consigo gravar um episódio por semana porque depois de gravar existem algumas etapas a cumprir, tais como fazer limpezas, correções necessárias e editar nos vários formatos para depois colocar nas redes sociais e plataformas digitais. Tudo é feito a partir de casa, sem qualquer ajuda, seja na parte gráfica ou mesmo de áudio, e a vontade de concluir o projeto com êxito leva-me a ser determinado sem retirar tempo às três igrejas sob a minha responsabilidade. Não é um processo simples, mas é algo que me encanta e preenche grandemente.

5. Qual tem sido o impacto que este projeto tem tido? O que é necessário para chegar a mais pessoas?

Pelo facto de estarmos a lançar um episódio por semana para mim já tem um grande impacto. Nestes projetos, e porque tudo é muito pessoal, sem nenhum tipo de divulgação específico, os resultados não são imediatos. Lembro-me de quando estava na rádio RCS fazermos um programa com o livro “O Grande Conflito” que teve resultados extraordinários. Na altura foram distribuídos mais de 800 livros e foram batizadas dezenas de pessoas. Neste caso sei que já existem muitas pessoas que ouvem semanalmente o podcast o que é muito bom. Usamos as redes sociais para divulgação, bem como um grupo no WhatsApp, mas claramente gostava de ter mais apoios e divulgação para que esta mensagem chegue o mais longe possível. Por exemplo gostava de chegar a todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop), bem como saber que mais pessoas usam os podcasts do livro nas suas viagens diárias. Considero imprescindível, antes de darmos estudos bíblicos a alguém, encaminhá-la à Verdade e ser a própria pessoa a descobrir aquilo que Deus nos oferece. O livro “O Grande Conflito” tem essa característica de levar o leitor – neste caso o ouvinte, a descobrir a Verdade e isso já aconteceu com milhares de pessoas em todo o mundo. Por isso acredito plenamente que este projeto está enquadrado na proposta do Apostolo Paulo, quando diz: “a fé vem por se ouvir a mensagem e a mensagem é ouvida mediante a Palavra de Deus.” (Rm. 10:17).

6. A voz é um meio poderoso de comunicação. Como acha que a narração do livro com a sua própria voz contribui para a experiência dos ouvintes, ou até para ter um impacto diferente do que a leitura do próprio livro?

Eu procuro ler este livro com emoção, dando enfase às diferentes partes históricas e proféticas. Sendo o livro tão profundo procuro viver como espetador atento aos acontecimentos. Por exemplo, nos tempos da Reforma, procurei estar ao lado dos reformadores vivendo com eles a experiência da fé. É tremendo! Jamais poderemos fazer uma leitura corrida ou superficial do livro, mas antes uma leitura que nos transporte aos tempos vividos pelos homens de Deus no passado e experimentar um pouco do sacrifício vivido e das muitas vitórias alcançadas. Quando termino a leitura de cada capítulo tenho ainda mais certeza de que todas as vitórias neste Universo não foram alcançadas pelos homens, mas por Deus! E isso dá-me uma vontade muito grande de dar voz à emoção sentida.

Quando recebo mensagens como: “Obrigado pastor pelo seu esforço e dedicação; bom ânimo para esta tarefa imensa, mas que valerá a pena”, ou mesmo “Tenho ouvido semanalmente e está claro para mim que o Senhor está neste projeto!”, fico ainda com mais vontade de produzir todos os episódios.

Neste verão, na Costa de Lavos, houve um jovem que me abordou e que me disse: “Pastor, para poder fazer a próxima classe progressiva tenho de ler todo o livro e está a ser muito bom ouvir a forma apaixonada como lê cada episódio.” Por tudo isto só posso agradecer ao SENHOR por me ter chamado a servi-l’O e poder usar os dons que me deu para o bem da Sua igreja.

7. Houve algum desafio técnico ou até mesmo emocional ou espiritual, na leitura deste livro? Como lidou com eles?

Existem sempre muitos desafios que temos de ultrapassar. Quando não existe mais ninguém connosco para desenvolver o projeto tudo se torna mais concentrado. Por vezes a gravação não fica como queremos e temos de voltar atrás, outras vezes, porque o local de gravação não é um estúdio, existem barulhos da vizinhança que nos impedem de gravar no horário estabelecido ou então a dificuldade nas artes gráficas que não são o meu forte, mas mesmo assim vale o esforço! Certo é que quando leio a história de vida de Ellen White e as circunstâncias - as imensas dificuldades que ela viveu para concluir este Bestseller, só posso dizer que nada do que é difícil para mim se compara com o que ela suportou. Este livro será sempre um problema para o inimigo e qualquer um de nós que usar esta ferramenta viverá dificuldades nos desafios.

8. Além da leitura do livro "O Grande Conflito", tem planos de gravar outros livros ou materiais em áudio no futuro?

Sim, existem outros livros que quero torná-los em audiolivro. Para além da minha voz e de querer continuar a disponibilizar leituras, tenho duas pessoas muito especiais na minha vida e que Deus me deu o privilégio de poder ensinar a arte de ler em rádio e sei que o fazem muito bem – a minha mulher e a minha filha! É um privilégio poder contar com toda a minha família no meu ministério. Sem a minha esposa e os meus dois filhos eu não teria tanto para dar, pois são eles que muitas vezes me lançam os desafios. Numa primeira fase maturo as ideias e depois avançamos em conjunto. Portanto, brevemente não serei eu apenas a ler, mas colocarei em ação as pérolas que Deus me ofereceu pois sei que Ele as capacitou para este projeto. Obviamente que os livros já estão escolhidos, mas só mais perto do lançamento é que divulgaremos em concreto.

9. Por fim, pastor Jorge, como este projeto reflete a sua missão e o seu propósito como líder espiritual?

A vontade de servir ao SENHOR sempre foi o meu sonho e hoje sou muito grato a Deus porque nos meus 30 anos de ministério pude viver muitos momentos lindos e apaixonantes. Pela música o SENHOR deu-me momentos, pessoas, cantores e músicos que enriqueceram muito o meu ministério! Nos acampamentos nacionais com os jovens, sobretudo nos Acampamentos de Evangelização – hoje chamados ‘Impacto’, foram tempos que jamais esquecerei e que sei que muitos também recordarão com saudade. Nas igrejas por onde passei fiz amigos para a eternidade; nas igrejas onde hoje me encontro sinto o abraço de todos; com os colegas de ministério temos vivido experiências incríveis! No tempo em que estive como Departamental na União pude desenvolver projetos nacionais e internacionais. A possibilidade de ter coordenado a igreja nacional em tempos de pandemia por meio dos programas semanais que todos assistiam em casa, foi algo que jamais esquecerei - foram tempos de grande esforço e dedicação, mas, igualmente, de grande privilégio para mim! Ter iniciado a construção do projeto TV Novo Tempo em Portugal foi algo que jamais pensei ser possível, mas Deus esteve sempre ao leme e ajudou-nos todo o tempo! Enfim... como líder espiritual já vivi grandes momentos com Jesus e com a Sua igreja, e espero que até ao fim do meu ministério, com a ajuda de Deus, contribua genuinamente com a minha voz e com os meus dons e seja parte “da geração eleita, do sacerdócio real, da nação santa, como povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas d’Aquele que me chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” (1 Pd.2:9)

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